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Hoje sou não mais que ruínas,
o tempo passou e destruí-me,
as paredes continuam de pé,
apenas para me fazer lembrar do que fui...
no meu quintal, já não se plantam sonhos,
só as ervas daninhas cobrem o alpendre da minha esperança.
O sol já não me visita, esqueceu-me...
as luzes apagaram-se, fez-se noite, uma noite imensa que não amanhece,
que dorme na minha cama, abraçada à solidão.
As janelas embaciadas pelo calor das minhas lágrimas, apodrecem-me os olhos, já cegos de tanto tentar ver em vão.
O portão fechado a cadeado, enferrujou...as pedras da calçada que lhe beijam os pés, estão gastas pelos passos dos fantasmas que as percorrem.
Sou casa assombrada...onde nem a ilusão me habita. Tudo me abandonou...tudo abandonei...
Não quero mais morar em mim sozinha, espero-te...para que me reconstruas, não quero ser o espelho do passado, quero ser a imagem do futuro, do nosso...
Deixa-me sem tecto, porque quero poder contar estrelas contigo, ver a lua embalar o mar...sentir a brisa do teu respirar no meu rosto. Não me prendas ao chão, deixa-me livre sem muros ou vedações, porque me quero livre em mim, sabendo apenas que tu és o meu alicerce.
*** Ártemis ***
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